12/09/2012 12h16
- Atualizado em
12/09/2012 17h04
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Governador falou sobre a operação que resultou em nove mortes na terça.
Denúncia levou PMs a reunião onde criminosos faziam 'tribunal do crime'.
O governador Geraldo Alckmin (PSDB) defendeu na manhã desta
quarta-feira (12) a ação da Rota (Rondas Ostensivas Tobias Aguiar) que
terminou com nove suspeitos mortos na terça-feira (11). "Quem não reagiu
está vivo", afirmou Alckmin.
A operação ocorreu em um sítio em Várzea Paulista, cidade que fica a 54
km da capital paulista. Segundo a PM, uma denúncia anônima apontou que
traficantes fariam no local o "julgamento" de um estuprador.
De acordo com a PM, estavam no local 16 criminosos, além do homem
"julgado" e de três parentes da vítima de estupro. Além das nove mortes,
a ação teve o saldo de cinco suspeitos presos e a apreensão de armas e
drogas.
Alckmin falou sobre a operação após visita que realizou nesta manhã à
região de Itaquera, na Zona Leste de São Paulo. Ao avaliar o índice de
letalidade nas ações da Rota e o resultado da operação, o governador
disse que a ação foi correta e será investigada como determina a lei.
Duas coisas são importantes: Primeiro, quem não reagiu está vivo. Em
um carro [tinha] quatro [suspeitos], dois morreram e dois estão vivos
[porque] se entregaram. Segundo, [nos casos de] resistência seguida de
morte, a própria Polícia Militar investiga e o DHPP também investiga."
Geraldo Alckmin,
governador de São Paulo
"Duas coisas são importantes. Primeiro, quem não reagiu está vivo. Em
um carro [tinha] quatro [suspeitos], dois morreram e dois estão vivos
[porque] se entregaram. Segundo, [nos casos de] resistência seguida de
morte, a própria Polícia Militar investiga e o DHPP também investiga.”
O governador afirma que o procedimento foi de abordagem, e que apenas depois começou a perseguição.
Alckmin disse ainda estar "claro" que no local havia um grande número
de criminosos, armamento "extremamento pesado" e integrantes de uma
facção criminosa. O governador ressaltou que durante a operação foram
apreendidos uma metralhadora, espingarda de calibre 12, dinamite,
revólver e drogas.
O governador falou após participar de evento que marcou as obras
viárias no entorno do estádio do Corinthians. Após comentar a ação da
Rota, ele respondeu a apenas mais uma pergunta antes de passar a vez na
coletiva para outras autoridades.
Na noite de terça-feira, o comandante da Polícia Militar de São Paulo,
coronel Roberval Ferreira França, disse que homem que havia sido
‘julgado’ no tribunal do crime foi encontrado morto na chácara. “Por
isso, não é possível dizer se ele já havia sido morto antes da chegada
dos policiais ou se morreu durante o confronto”, ressaltou.
A Secretaria de Segurança Pública (SSP) informou que foram mortos na
ação: Marcos Alessandro Garcia Fernandes, 33 anos, Valdir Felix de
Abreu, 35 anos, Anderson Ataíde Mariano, 28 anos, Michael Ferreira
Dias, 21 anos, Cícero Rodrigo Raimundo, 29 anos, Denilson Roberto Tiago,
26 anos, Iago Felipe Andrade Lopes, 20 anos e Vitor Hugo de Souza, 23
anos.
Ainda de acordo com a SSP, consta no boletim de ocorrência há uma
vítima não identificada, cuja idade e sexo não foram informados.
A ação
De acordo com a polícia, o setor de inteligência da Rota recebeu uma
denúncia anônima. A informação era a de que seria realizado um "tribunal
do crime" em uma chácara localizada na Rua Cambará, em Várzea Paulista.
Quarenta policiais da Rota em 10 carros e um caminhão do Grupo de Ações
Táticas Especiais (Gate) foram enviados para o sítio.
No local, um homem seria julgado pelo "tribunal do crime" pelo estupro
de uma menina de 12 anos. De acordo com coronel França, quem pediu o
julgamento foi o próprio irmão da menina. Ele disse que, ao todo, 16
criminosos, além do "julgado", participaram do tribunal.
Os policiais chegaram na chácara por volta das 16h30. “Neste momento,
sete deles deixavam o local em dois carros. Ao avistarem a polícia,
fugiram em direções opostas. No primeiro confronto, a cerca de 1 km da
chácara, dois foram mortos e um foi preso. No segundo confronto, após a
perseguição ao segundo carro, foram dois mortos e mais dois presos. E,
na chácara, onde ocorreu o terceiro confronto, ficaram nove criminosos,
sendo que quatro foram mortos e outros cinco presos”, disse.
O homem que havia sido ‘julgado’ no tribunal do crime foi encontrado
morto na chácara, segundo França. “Por isso, não é possível dizer se ele
já havia sido morto antes da chegada dos policiais ou se morreu durante
o confronto”, ressaltou.
Identificação
Entre presos e mortos, a polícia já identificou ao menos seis dos
envolvidos na ocorrência. “Todos os identificados têm uma ampla ficha,
com várias passagens e condenações por diferentes crimes. Estamos
trabalhando para fazer a investigação dos demais”, destacou o comandante
da PM.
França negou que os envolvidos fossem integrantes de uma facção
criminosa que age a partir dos presídios paulistas. “Todos eles seriam
integrantes de uma quadrilha organizada e a chácara teria sido alugada
de um candidato a vereador de
Várzea Paulista por um breve período como ponto de apoio para reuniões e armazenamento de armas e drogas”, disse.
A família que presenciou o "tribunal do crime" está sob proteção da
polícia e, se solicitar, deverá entrar no programa de proteção à
testemunha. Os detidos foram levados para um centro de detenção
provisória nesta manhã.
O bairro onde fica a chácara está todo cercado (Foto: Reprodução / TV Globo)
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